A Maternidade por Rafaela Carvalho

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Lembro da transição de ter um pequenininho e de repente mais um. Dois bebês em casa com idades próximas e necessidades diferentes. Nos primeiros dias a ficha não cai. Tem familiar ajudando, tudo é novidade, praticamente uma mini festa. Do tipo de festa em que as pessoas tentam decidir com quem o bebê se parece, enquanto você fica ali disfarçando, tentando ajeitar a calcinha. O absorvente extra noturno com abas, túneis e canaletas não fica na posição correta.

O filho mais velho acorda da soneca e corre em direção ao seu colo. O que ninguém sabe é que por trás do abraço digno de filme, existe uma mulher que foi a Marte e voltou. Escute o que eu te digo, é tanta cabeçada de criança diretamente nos seus seios inchados que deveria existir algum tipo de proteção. 

As primeiras semanas se vão, levando os parentes com elas. A vida real começa pra valer. Eu poderia dizer que será uma tetéia, facinho-facinho. Não vai. Será sinistro. Você vai se lascar. Vai se perguntar quem foi o cara de pau que inventou o ditado de que “onde come um comem dois, que é só colocar mais água no feijão.” Vai se questionar onde foi que amarrou o próprio bode, vai fazer promessa para São Longuinho para se reencontrar. Até que durante essa caminhada, minha amiga, algo mágico acontece.


Você ressurge das cinzas, descobre que é capaz de dar nó em pingo d’água. Vai com três crianças no mercado assobiando, troca fralda do mais novo no porta-malas enquanto canta a música da dona aranha para o mais velho e fala no telefone com a sogra. E se descobre a leoa das leoas. Aprende a não levar desaforo para casa. Dá uns gritos daqui, umas surtadas dali, foca na disciplina positiva acolá. Tem uma culpinha que de vez em quando bate na porta, mas você aprende a lidar com ela e a vida segue.


A verdade é que quando chega mais um filho, o que já era foda fica mais foda ainda. Não, eu não estou falando da maternidade. Eu estou falando é de você.
Autora: @a.maternidade


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